Foto: Bruno Cantini / Clube Atlético Mineiro / Divulgação
SEM HUMILDADE, VAI GANHAR NADA!
Por Eduardo Madeira
21/04/2017
O Atlético perdeu por 1 a 0 para o Libertad no Paraguai. Derrota magra no placar, mas enorme diante de nova péssima atuação!
E passou da hora de mudar! O Galo teve até aqui 6 jogos decisivos no ano (2 clássicos contra o Cruzeiro -2 derrotas; empates contra Godoy Cruz e URT, derrota contra o Libertad e vitória contra o Sport Boys) e jogou mal em TODOS! Em 6 jogos decisivos até aqui, o time só venceu 1 e nos últimos 20 minutos da partida e jogando mal! Sinal de alerta maior que esse, pra mim, não há!
Eu penso que um time é realmente avaliado nas horas decisivas! E até agora, o Galo é uma decepção!
Falta muita coisa ao time! Mas antes, falta humildade e ela é “de cima pra baixo”:
1 – Presidente do Galo e secretário municipal de Planejamento
O jovem presidente Daniel Nepomuceno faz um bom trabalho à frente do Atlético. Trouxe Pratto, Robinho, Fred, Rafael Moura, Fábio Santos, Elias, comprou Douglas Santos, vendeu bem Jemerson, Guilherme, Giovanni Augusto e André Beberrão. Além das promessas Cárdenas, Clayton, Cazares e Marcelo Oliveira, que acabaram não vingando. O Galo foi vice brasileiro 2015 e da Copa do Brasil 2016 e dava pinta de se manter forte em 2017.
Fora outros acertos! O mandato de Daniel é bom, fato (penso eu).
Não conseguirá, provavelmente, Daniel, fazer 2 excelentes trabalhos na Prefeitura de BH e na presidência do Atlético. O time precisa de um zagueiro bom que não chega nunca. O time precisa de um Gerente de Futebol que nem se cogita trazer.
2 – Falta Gerente de Futebol no convívio com este grupo “boleiro”
Outro erro grave é não trazer um substituto ao Eduardo Maluf (antes afastado por câncer) para o convívio com os atletas. Se Maluf não consegue mais este “ombro a ombro” com os jogadores, é necessário ter alguém experiente ali. Daniel não trouxe em 2016, afirmando que acumularia esta função enquanto Maluf não voltasse e o maior retrato que não deu certo é a declaração do Rafael Carioca reclamando do time desorganizado do Marcelo Oliveira um dia depois da demissão do treinador. Um elenco “boleirão” e com idade avançada desses como tem o Atlético precisa do Gerente de Futebol no “tete a tete” com os atletas, servindo inclusive para captar insatisfações no elenco e saná-las com o treinador e comissão técnica.
Erro que segue acontecendo em 2017. Das duas, uma: ou que se coloque alguém para Gerente de Futebol “do ramo” que complemente o trabalho de Maluf ou que demita-se Maluf por um profissional que consiga fazer (concedendo todas as honras e reconhecimento à sua brilhante contribuição no Atlético) tanto o trabalho estratégico quanto a proximidade com os jogadores.
O que não pode continuar é que Roger ser a maior autoridade na Cidade do Galo no dia-a-dia. Roger precisa inclusive de gente que discuta a gestão do elenco e o sistema de jogo com ele.
Lembrem-se que Kalil só mitou como Presidente porque entende de verdade de futebol também no campo. Lembrem-se que todas as vezes que foi Diretor de Futebol, Kalil fez grandes times, como o de 2001.
Se Daniel passa longe de entender o campo, mais um motivo para se cercar de mais gente que entenda. Mais gente significa um Gerente de Futebol. Ou trocar Maluf (Diretor de Futebol).
3 – Nova falha na montagem do elenco
Assim como em 2016, o elenco de 2017 também é desequilibrado.
A idade avançada é um dos fatores de desequilíbrio. A média de idade dos jogadores do Galo que entrou em campo ontem é alta: 29 anos! A média dos 21 principais jogadores do elenco é de 29 anos. O time está velho. Este é um dos motivos da falta de velocidade do time.
Jogador | Idade | Nascimento | |
1 | Victor | 34 | 21/01/1983 |
2 | Giovanni | 30 | 05/02/1987 |
3 | Leo Silva | 37 | 22/06/1979 |
4 | Erazo | 29 | 05/05/1988 |
5 | Felipe Santana | 31 | 17/03/1986 |
6 | Gabriel | 22 | 14/03/1995 |
7 | Marcos Rocha | 29 | 11/12/1988 |
8 | Carlos César | 30 | 21/04/1987 |
9 | Fábio Santos | 31 | 16/09/1985 |
10 | Danilo | 25 | 17/08/1991 |
11 | Rafael Carioca | 27 | 18/06/1989 |
12 | Cazares | 25 | 03/04/1992 |
13 | Maicosuel | 30 | 16/06/1986 |
14 | Otero | 24 | 09/11/1992 |
15 | Elias | 31 | 16/05/1985 |
16 | Adilson | 30 | 16/01/1987 |
17 | Marlone | 25 | 02/02/1992 |
18 | Luan | 26 | 11/08/1990 |
19 | Robinho | 33 | 25/01/1984 |
20 | Fred | 33 | 03/10/1983 |
21 | Rafael Moura | 33 | 23/05/1983 |
Marcos Rocha não tem um bom reserva e jogo após jogo, levamos gol nas suas costas, como ontem. O time não achou uma cobertura eficiente para ele, também falho na marcação. Fábio Santos caiu enormemente de produção.
Falta um bom zagueiro! Gabriel tem muito potencial mas está “verde”. Léo Silva e Erazo devem se alternar no Departamento Médico. Felipe Santana não inspira confiança e foi mal contratado: muito tempo de inatividade, precisa de readaptar ao futebol brasileiro e já com 31 anos.
Giovanni já mostrou que falha em jogos importantes e não é nada confiável. Carioca é um volante de enorme capacidade técnica, mas muito lento na marcação e armação de jogadas. Enquanto estiver titular, ganharemos nada importante. Elias não se achou no time, pois também não tem a proteção necessária para surgir como elemento surpresa, além de estar marcando nada, como no gol ontem. Com a dupla Elias-Cazares ganharemos nem o Mineiro nessa marcação frouxa. Adílson é uma esperança, mas está fora de forma e precisa de readaptar ao futebol brasileiro, estou curioso para vê-lo no time.
Na armação, Cazares mostrou ser jogador de jogo pequeno. Enorme potencial, mas parece mais um talento desperdiçado. Otero é um dos que mais tenta no time e tem boa bola parada, mas está pouco produtivo nos jogos decisivos. Luan não vai conseguir ter sequência de jogos pela condição clínica e física. Marlone não tem nada a ver com o Atlético, naquela lentidão toda! O “Cata-guimba” Maicosuel é instável fisicamente e poderá nos ajudar muito, como único que parte pra cima da defesa, apesar de já ter quase 31 anos.
Robinho é a decepção até aqui. O melhor do time ano passado está mal. Sumido nos clássicos e nas horas decisivas. Acredito que ainda vai crescer na hora certa, só espero que dê tempo de não se queime com a Massa.
Fred e Rafael Moura são as exceções. O Chefe da Área vinha fazendo uma temporada sensacional até agredir infantilmente Manoel no clássico e nos deixar na mão naquela hora importante. Em Fred eu levo fé! E no He-Man também! A raça e qualidade do torcedor em campo tem surpreendido e ele pode nos ajudar. Rafael Moura está pedindo passagem no time titular.
Além de zagueiro bom, falta um volante marcador entrar neste time (Adilson ou quem sabe o menino de potencial Ralph). Falta um armador protagonista. Falta um atacante velocista rabiscante estilo Marinho do Vitória.
Mas será que a diretoria atleticana vai ter a humildade de reconhecer a falha repetida na formação do elenco? Receio que não!
4 – A tática de Roger não combina com a história do Galo
A torcida atleticana, ainda que os números não sejam ruins, não comprou as atuações do time. A verdade é que a Diretoria acertou trazendo Roger, o treinador mais promissor do Brasil.
Mas a maneira que Roger quer jogar não combina com a tradição da instituição Atlético. O time do treinador valoriza a posse de bola e fica tocando de pé em pé, lentamente. Quando perde a bola, nossos volantes que marcam ninguém (Roger não gosta de volante porradeiro) não conseguem proteger a defesa. E o time não tem velocidade (também efeito do elenco envelhecido).
O Galo PRECISA de um volante porradeiro, Roger. O Galo PRECISA de intensidade, doideira, Roger! O vício do time no futebol camikaze dos ataques estilo “Galo DOIDO” vem desde 2012 e nos conduziu ao momento mais vencedor de toda história do Atlético com uma Libertadores, uma Copa do Brasil e 2 vice-campeonatos brasileiros.
O Atleticano ama VELOCIDADE, Roger! Vibrava com a bola no alto em lançamento antes de chegar ao Marques, Sérgio Araújo, Euller e Bernard. Que dominavam na ponta e partiam pra cima! O Galo é mais EMOÇÃO e menos pragmatismo, Roger!
Sua tática planejadinha não vai funcionar aqui. Danilo como 3º volante não vai funcionar aqui, especialmente se avançar o tanto que fez erradamente ontem, Roger. Talvez funcionasse se ficasse plantado.
Precisa ter um jogo mais objetivo, menos tocado de lado a lado! Mais velocidade, menos toque de bola, Roger!
Humildade que falta para marcar, também! Humildade que falta para entender que precisamos atacar com velocidade para conseguir fazer gols.
5 – Menos aparições, mais trabalho silencioso
Esta mesma Diretoria que mudou a história do Atlético, com as conquistas, precisa ficar mais discreta! Pessoas que tem enorme crédito por mudarem o Galo de patamar. Mas que no momento entendo que deveriam ficar mais discretas nas redes sociais e aos microfones de Rádio e TV.
Existem momentos que pedem posicionamento público. Outros, são desnecessários. Como foi do Lásaro Cândido (Diretor Jurídico – a quem tenho profunda admiração) quando buscou desmentir um interesse do Grêmio em Maicosuel, fato noticiado pelo sério repórter Victor Martins do UOL depois de conversar com um dirigente gremista. Ou no episódio da polêmica da entrada de crianças no Mineirão com mando do Cruzeiro.
O lendário presidente Alexandre Kalil demorou a entender que, em semana de clássico a polêmica extracampo é combustível para motivação do adversário. Cansei de ver Kalil pilhando sem necessidade o Cruzeiro, que vinha com “sangue nos olhos” e nos vencia. Quando Kalil se calou e fortaleceu o time, as conquistas e vitórias se acumularam em cima dos celestes!
Enfim, o Galo precisa de mais humildade em todos as esferas! Inclusive da torcida que vai ao campo no Indepa, em jogos de Libertadores. Tem uma parte desses torcedores que fica calado quando o jogo está difícil e não entendeu que precisa ir ao estádio para FAZER o Galo ganhar, não para VER o Galo ganhar – como bem pontuou meu amigo Fael Lima do Alterosa Esporte e portal atleticano Cam1sa Do2e.
Me questiono: será que esta humildade virá? Será que Nepomuceno entenderá que o Galo precisa do seu foco exclusivo? Será que contratará um Gerente de Futebol para ajudar Maluf com o elenco? Será que o elenco velho será renovado? Será que Roger entenderá que precisa armar o time de acordo com as tradições do Atlético? Será que a Diretoria voltará a ficar discreta e evitará polêmicas desnecessárias em semana de clássico? Não sei!
Mas, estou torcendo! Porque, com toda humildade, EU TORÇO CONTRA O VENTO!
Um abraço.
Eduardo Madeira