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DIAGNÓSTICO: FALTOU LIDERANÇA PARA GANHAR TÍTULOS EM 2016

Foto: www.portalotempo.com.br

DIAGNÓSTICO: FALTOU LIDERANÇA PARA GANHAR TÍTULOS EM 2016

Por Eduardo Madeira

08/12/2016

Deu a lógica. O Grêmio foi o merecido Campeão da Copa do Brasil, diante do empate por 1 a 1 na finalíssima.

Como este foi o último jogo do Galo em 2016, analisarei não somente este jogo, mas o ano do Atlético, por ordem de importância e prioridade segundo minha visão. Ano que termina sem nenhum título de expressão.

1 – Faltou a LIDERANÇA necessária ao Presidente Daniel Nepomuceno para levantar canecos.

ACERTOS

Esta Diretoria mudou a história do Atlético. Estamos na 5ª Libertadores SEGUIDA! Fato que só o São Paulo conseguiu em toda a história, dos clubes brasileiros. Desde 2012 estamos lutando praticamente por todos os grandes títulos de expressão no Brasil e nas Américas.

O Presidente Daniel (e sua competente equipe de Diretores) marcaram vários acertos. A aposta em Diego Aguirre parecia acertada, dada a altíssima pedida financeira do técnico Cuca e a falta de boas opções no mercado. Levir fez ótimo trabalho, mas não tinha clima. Diante do contexto de aposta, a Diretoria acertou trazendo Aguirre.

Acertou também ao contratar possíveis protagonistas como Robinho e Fred. A as boas apostas Clayton, Cazares, Fábio Santos e Carlinhos Neves como Coordenador Técnico – função nova para o renomado Preparador Físico e até no mercado. Ou apostas mais arriscadas como Júnior Urso, Hyuri, Erazo e Carlos Eduardo. E ainda as arriscadíssimas apostas por Ronaldo Conceição, Carlos Eduardo e manter Edcarlos. E vendeu corretamente Jemerson e Douglas Santos, pois o clube precisava fazer caixa. Fora os acertos de 2015, o primeiro ano do mandato.

Não concordo com as simplistas análises Campeão = acertou tudo versus sem título = errou tudo. Títulos escondem falhas de gestão e liderança, nas empresas e no futebol, especialmente pelo IMPONDERÁVEL tão comum ao mundo da bola.

ERROS

Falando agora de erros de Nepomuceno. O principal foi não contratar de fora ou movimentar internamente um substituto para o Diretor de Futebol Eduardo Maluf. Em tratamento de saúde por uma grave doença, Daniel decidiu dividir-se entre a Presidência do Clube e a função de DIA-A-DIA com jogadores e departamentos (Preparação Física, Fisiologia, Técnico / auxiliares de campo, etc).

Daniel mostrou não ter essa vivência para interinamente fazer do DIA-A-DIA com os jogadores, UMA das funções do Diretor de Futebol. Isso ficou didático quando Cazares nem relacionado foi para o decisivo jogo contra o São Paulo pela Libertadores. É comum no mundo da bola que algumas decisões não sejam tomadas solitariamente pelo treinador, mas contam muitas vezes com a influência do Diretor de Futebol.

Diego Aguirre estava incomodado com a indisciplina de Cazares, mas PREJUDICOU o clube ao não leva-lo nem para o banco de reservas. Imagine que “saia justa” o Presidente-Diretor de Futebol exigindo a escalação dele? Seria como se o Presidente estivesse escalando o time.

Aguirre BURRAMENTE não escalou Cazares, melhor jogador do time no momento, o Atlético teve uma atuação covarde em São Paulo, perdeu o jogo em São Paulo e a cabeça, entrando na violência que só interessava ao Tricolor do Morumbi. Não se pode abrir mão de jogar 90 minutos de uma decisão de 180. A eliminação veio pela cabeça dura do técnico, que mostrou-se um “leão de treino” mas que mexia e escalava mal. Nada mais didático que jogar uma DECISÃO de Campeonato Mineiro sem Cazares e Robinho desde o início e CONSEGUIR perder o Mineiro para o América, que se mostrou a CHACOTA nacional pelo pífio futebol apresentado no restante de 2016.

Se Cazares está indisciplinado, o escale. Se ele resolver em campo, como tantos outros indisciplinados na história do futebol brasileiro, OK. Mas Aguirre e o Diretor de Futebol  INTERINO Daniel não o fizeram, trazendo inclusive prejuízo técnico e financeiro, pois o Atlético teve que travar difícil luta para trazer o jogador e brigar na FIFA pelo com argentinos do Banfield. Ali faltou o Maluf ou outra figura para fazer Aguirre mudar de idéia. Exemplo disso foi TITE, hoje técnico da Seleção, que admitiu que não queria escalar Adriano Imperador contra o próprio Atlético em 2011 e foi demovido pela idéia pela direção corintiana. Adriano foi para o banco, entrou, fez gol do Corinthians que derrotou o Galo em uma decisiva vitória para o título corintiano no Brasileiro. Tite agradeceu a direção pela insistência com ele. Daniel não fez isso com Aguirre. Daniel não contratou alguém para o dia-a-dia com os jogadores e isso fez falta demais.

Exemplos recentes muito didáticos: quase TODOS os jogadores reclamaram PUBLICAMENTE que o time de Marcelo Oliveira tinha GRAVES falhas táticas. Tivesse o Atlético um Diretor de Futebol de DIA-A-DIA a chance de isso acontecer seria muito menor. Como você, jogador, vai reclamar com o PRESIDENTE DO CLUBE que taticamente o time está mal? Uma das funções desse Diretor é perceber insatisfação no elenco e buscar mediar conflitos e propor soluções, baseado na vivência que você tem do futebol. Daniel não tem esse perfil, ele é mais administrador que conhecedor das coisas do campo.

Será que o com um Diretor de Futebol interino e atuante o Galo teria trazido as BARCAS chamadas Ronaldo Conceição e Carlos Eduardo? Será que Dátolo seguiria fazendo o PAPELÃO que fez em seu último ano, claramente “pirraçando” para não entrar em campo mesmo tendo condições? Será que Cazares teria sido indisciplinado assim? Será que Rafael Carioca teria feito BIRRA depois que foi merecidamente para o banco? Será que a apatia tática e de postura do técnico Marcelo (e dos jogadores) no primeiro jogo da Final teria acontecido e se demitisse antes o Treinador? Nunca saberemos! Mas são indicativos de erros!

Bastidores dizem que durante a Campanha de Kalil o Atlético ficou dividido entre o futebol e a política. Eu jamais saberei, pois não tenho o dia a dia.

Ontem veio a notícia que Daniel Nepomuceno será TAMBÉM será o Secretário Municipal de Desenvolvimento de Belo Horizonte. E parece que continuará Presidente do Galo. Terá Daniel TEMPO e ENERGIA para conseguir administrar bem as duas gigantes funções? Sinceramente vejo com receio.

Além de Adriano Branco, que será Secretária de Assuntos Institucionais e Comunicação Social de BH. Adriana terá TEMPO E ENERGIA para conciliar suas funções também no Atlético ou sairá do clube? Saberemos em breve.

2 – Faltou LIDERANÇA para combater o alto número de jogadores machucados

O Galo transforma profissionais normalmente sem mídia em ÍDOLOS! Carlinhos Neves foi por anos Preparador Físico da Comissão Técnica fixa do Atlético e um dos responsáveis pelo círculo VIRTUOSO do Galo.

Quando voltou ao Atlético, Imprensa e Torcida comemoraram, eu inclusive. Mesmo sendo na Coordenação Técnica, função quase inédita no futebol profissional.

O que se viu foi o inimaginável número de quase 80 lesões do ano! O time ficou desfalcado pelo menos 80% do ano. Marcos Rocha machucou-se MINUTOS depois de voltar a campo depois de longa ausência. O caso Dátolo, que VOAVA em alguns treinos, mas “não se sentia pronto para voltar” foi IRRITANTE!

E isso num ano em que vários jogadores foram POUPADOS no Campeonato Mineiro. A Final contra o América foi um forte indício que Treinador e parte médica não se entendiam.

Você não precisa entender de preparação física, fisiologia, fisioterapia e etc pra saber que houve um planejamento muito errado em 2016. Os métodos de gestão dos “5 porquês” e PDCA aplicados nas empresas mostram que o principal é INVESTIGAR as CAUSAS do assunto.

O alto número de partidas não é desculpa! Em 2013 quando ganhamos a Libertadores também tivemos o elevado número de aproximadamente 75 jogos no ano. Ou seja, não era novidade para Carlinhos Neves.

Com um elenco muito mais enxuto os jogadores machucaram muito menos em 2015.

Por que Daniel só no FINAL do ano voltou Carlinhos Neves à Preparação Física?

Falhou MUITO como Presidente nessa demora!

3 – Faltou LIDERANÇA para diagnosticar o PERFIL da equipe

Em 2014, o Atlético ganhou a Copa do Brasil porque foi INTENSO!

Os jogadores tinham INTENSIDADE e ENTREGA fora do comum.

O que também se manifestou em 2013 nos momentos decisivos!

Este elenco do Galo tem um perfil mais FRIO, BOLEIRÃO.

Confia excessivamente na qualidade técnica e deixa de ser INTENSO!

Eu não gosto de diagnóstico de “faltou RAÇA”.

Mas SIM, faltou RAÇA, ENTREGA e INTENSIDADE em alguns momentos!

Isso é o que mais afastou a torcida do time, pois o Galo ganhava na qualidade individual mas não convencia. Enquanto Palmeiras e Flamengo LUTAVAM por cada PALMO do gramado, o Atlético era um time frio, até soberbo às vezes.

Quando você lidera/gerencia uma equipe, precisa diagnosticar o PERFIL GERAL até psicológico dos jogadores. Que quando as coisas vão mal, o jogador deveria buscar no ALGO A MAIS DE ENTREGA a compensação. É o famoso jargão “Vamos igualar na ENTREGA porque na TÉCNICA somos mais time”.

Isso ficou evidente também nas declarações do Rafael Carioca, que fez BIRRA ao ir à reserva. O time tinha falhas táticas? Que tentasse compensar com a ENTREGA, A RAÇA!

O Treinador está “viajando” taticamente? Que os jogadores se reúnam dentro de campo para resolver/minimizar as coisas. Num grupo que tem os experientes Victor, Marcos Rocha, Leonardo Silva, Fábio Santos, Leandro Donizete, Luan, Fred, Pratto e Robinho, eu esperava mais PROATIVIDADE dos jogadores.

Os JOGADORES foram APÁTICOS no primeiro jogo da Decisão contra o Grêmio! Faltou RAÇA, ENTREGA! Faltou querer resolver DENTRO DE CAMPO também os problemas táticos do time não corrigidos por Marcelo. INADIMISSÍVEL a PASSIVIDADE dos jogadores. Você, que já jogou bola na escola ou em torneios amadores não fazia isso? Porque JOGADORES PROFISSIONAIS EXPERIENTES não faziam isso?

Sim, faltou ENTREGA dos JOGADORES em vários momentos e por isso a torcida não confiou de verdade em nenhum momento por causa disso.

Robinho jogou bola demais no ano. Mas faltou mais protagonismo dele nas horas decisivas. Ainda que o time não ajudasse. Eu esperava um Pedalada mais decisivo nas horas cruciais.

4 – A LIDERANÇA de Marcelo Oliveira DECEPCIONOU muito!

Diante de uma terrível entressafra de técnicos, a contratação do atleticano Marcelo Oliveira foi uma boa notícia. Parecia, pelo menos. Marcelo é especialista em chegar nas Finais da Copa do Brasil. Bicampeão Brasileiro seguido com o Cruzeiro, fato espetacular de um time fora do eixo Rio São Paulo.

Mas Marcelo não conseguiu dar compactação à equipe e a defesa tomava gols todo jogo.

Um time que viveu do lampejo individual o Brasileiro todo.

Pior de tudo foi a APATIA de Marcelo na Final. Tanto no Banco de Reservas quanto na morosidade para mexer no time. Um técnico entregue mesmo antes da Final. INADMISSÍVEL!

Pior ainda que o time de ontem do auxiliar técnico Diogo Giacomini foi muito melhor taticamente que as últimas apresentações do time, que na HORA H no Brasileiro não ganhou NENHUM DOS ÚLTIMOS 8 JOGOS. Uma vergonha!!!

Uma pena, porque Marcelo mostrou que mais deu sorte do que foi LIDERANÇA nos títulos no Cruzeiro e Palmeiras. E porque Marcelo é um cara sensacional! Foi a decepção do ano, segundo meu amigo Lélio Gustavo do 98 Esportes. E, infelizmente, eu concordo!

Marcelo precisa repensar seu modus operandi, estudar e se atualizar. Só 4-2-3-1 não dá!

E aonde Marcelo estava com a cabeça quando indicou o PÉSSIMO DOS PÉSSIMOS Ronaldo Conceição?!

A FINALÍSSIMA

O Galo do auxiliar Diogo Giacomini foi muito melhor do que de Marcelo. Uma vergonha para o experiente treinador. A ocupação de espaços do Atlético foi muito melhor, mas que contou com a estratégia do Grêmio de jogar no contra-ataque e no erro alvinegro.

Ainda sim, o Galo não obrigou Marcelo Grohe e fazer NENHUMA defesa! O Grêmio jogou na sua melhor característica, esperando o adversário, compactando e buscando contra-ataques.

Eu não condeno a Diretoria pela decisão, mas ficou claro que o Independência é um trunfo a mais quando o primeiro jogo de decisões for aqui. O Grêmio com certeza adorou a decisão de jogarmos a levarmos o 1º jogo ao Mineirão!

O gol do título do Grêmio foi marcado por Miller Bolaños. E o gol de empate foi um GALAÇO de Cazares antes do meio de campo.

Ouça COMO narramos os Gols da Finalíssima com nossa Narração do 98 Futebol Clube.

Veja os GOLS Narrados pela turma do 98 Futebol Clube. Uma parceria com o Canal Atlético Mineiro Videos do You Tube. Clique AQUI para acessar o canal.

2017 é promissor

Entre acertos e erros da Diretoria, a contratação de Roger Machado como aposta é uma ótima notícia. Estudioso, especialista em tática, adepto do futebol de triangulações, marcação forte e só ir “na boa” é muito do que precisamos. Especialmente diante de um mercado em que os técnicos dos times melhores colocados no Brasileiro (Palmeiras, Santos, Flamengo, Grêmio) são praticamente todos APOSTAS e que parecem muito piores do que Roger. Mas lembremos: aposta é aposta e tem que se provar ainda!

Precisamos de 2 bons zagueiros, 2 laterais reservas, 2 volantes marcadores e 2 armadores num cenário ideal. Mas imediatamente de 2 zagueiros (coisa que a Imprensa inteira avisou desde Janeiro de 2016), 1 volante marcador e 1 bom armador para 2017.

No início da madrugada, a boa notícia é que o Galo vai levar um time reserva para os Estados Unidos na Florida Cup e que será comandado pelo promissor auxiliar Diogo Giacomini, um dos Instrutores de tática da CBF. Giacomini que agora será Auxiliar FIXO da Comissão Técnica do Profissional, o que parece um acerto diante do potencial do mesmo.

Ótimo saber que Roger Machado e o grupo principal ficarão em BH se preparando. Assim como herdamos a vaga DIRETA à Libertadores, sem passar por fases preliminares do torneio. Ufa!

Mas me passa a impressão de que Eduardo Maluf não conseguirá fazer o DIA-A-DIA que tanto faltou em 2016. E se não conseguir, que se contrate / movimente alguém COMPETENTE para suprir esta necessidade. E com Maluf atuando mais como consultor + esta possível figura do DIA-A-DIA aí sim, a tendência é que os erros que citei neste Blog diminuam!

Teremos Robinho fazendo pré-temporada, assim como Fábio Santos e Fred, jogadores que poderão ser importantes demais.

Que Daniel Nepomuceno consiga seguir dedicando-se ao Galo e que esta “sinuca de bico” de ser Secretário de Desenvolvimento de BH seja resolvida!

Para ser Campeão de um Torneio importante, a combinação de fatores é enorme. Esta Diretoria do Galo já mostrou ser competente, mas faltaram este detalhes para levantarmos “canecos” este ano. Que os ajustes sejam feitos e voltemos a ser Campeões de algo importante ano que vem!

Se você que me lê me desse a opção de escolher um título para 2017 eu escolheria o Campeonato Brasileiro! Este é meu desejo mais forte em Narrar!

Eu ACREDITO!

Um abraço a todos!

Eduardo Madeira